O Banco Central apoia a manutenção de uma taxa Selic alta, enquanto Lula afirma que é necessário diminuí-la. Entenda como isso afeta o cotidiano dos brasileiros.
Desde o início de seu mandato, em 2023, o presidente Lula (PT) faz graves críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. De acordo com o chefe do Executivo, é necessário reduzir as taxas de juros do Brasil, para a economia crescer.
No entanto, o órgão, que atua de forma independente, mantém os juros altos. Embora ele já tenha reduzido a taxa em diversas ocasiões desde o ano passado, o presidente da República a considera alta.
O atrito entre os dois, naturalmente, gera impactos no bolso do brasileiro. Entender como os juros definem a economia é essencial para fazer melhores escolhas financeiras e não se endividar.
Por que Lula e Banco Central estão em conflito e como isso pode afetar o cotidiano dos brasileiros?
Em primeiro lugar, é necessário entender que o Banco Central do Brasil é a instituição responsável por controlar a política monetária do país. Sua principal função é garantir a estabilidade econômica e financeira, influenciando a inflação e as condições de crédito.
Durante sua história, o Governo influenciava nas decisões do órgão. Contudo, no final do mandato de Jair Bolsonaro (PL), houve uma mudança. Agora, o BC atua de forma autônoma.
O presidente do órgão tem um mandato de 4 anos, que não coincide com o do presidente da República. Ou seja,Roberto Campos não foi indicado por Lula e pela nova lei, não há como o Executivo indicar outro nome. Os atritos começam aí.
Quais são as responsabilidades do órgão?
O Banco Central tem diversas responsabilidades essenciais para a economia. Ele gerencia a política monetária, o sistema financeiro e a emissão de moeda.
O órgão também controla a inflação e mantém a estabilidade do sistema bancário. Suas decisões afetam diretamente a economia, incluindo a taxa de juros e a oferta de crédito. Uma de suas atribuições mais importantes é a definição da taxa Selic.
O que é taxa Selic?
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e serve como referência para as taxas de juros cobradas pelos bancos em empréstimos e financiamentos.
A Selic influencia o custo do crédito e, consequentemente, o consumo e o investimento. Ou seja, quanto mais alta, maior serão os juros cobrados pelos empréstimos.
Como a Selic afeta a economia brasileira?
- Custo do crédito: taxas de juros mais altas tornam os empréstimos mais caros, reduzindo o consumo e o investimento;
- Inflação: uma Selic elevada pode ajudar a controlar a inflação, já que encarece o crédito e reduz o consumo;
- Investimentos: juros altos atraem investimentos estrangeiros, mas podem desestimular investimentos internos devido ao custo mais elevado do crédito.
Entenda o embate entre Lula e o BC
Lula defende uma redução na taxa Selic, que atualmente está em 10,5%, para estimular o crescimento econômico e facilitar o acesso ao crédito.
No entanto, Campos Neto se opõe a essa ideia, argumentando que uma redução poderia agravar a inflação e comprometer a estabilidade econômica.
A disputa é ainda mais complexa devido às mudanças nas regras de escolha do presidente do Banco Central feitas pelo governo anterior.
Essas alterações dificultam a substituição de Campos Neto por Lula. O governo atual enfrenta desafios para implementar suas políticas econômicas devido a essas limitações legais.
Como a alta da Selic influencia no bolso dos brasileiros?
Com a Selic elevada, o consumidor pode perceber um aumento nas taxas de juros dos empréstimos e financiamentos, tornando o crédito mais caro.
Isso pode levar a um aumento no custo de vida e a uma redução no poder de compra. Além disso, as altas taxas de juros podem desestimular o consumo e o investimento, afetando negativamente o crescimento econômico.
No entanto, a Selic alta pode beneficiar investidores. Afinal, a taxa é usada como base para determinar os rendimentos de uma série de aplicações financeiras, como CDBs, Tesouro Direto, entre outros.